

Áudio 02 | Suspeitos
[Voz metálica] Trechos dos interrogatórios realizados pela diretora superintendente Valquíria Diaz.
[Trocando a fita de gravação]
[Valquíria Diaz] Apesar do seu amigo ter confirmado seu álibi, ninguém se lembra de ter te visto ontem à noite, Fernandes. Muito conveniente que o bar estava cheio.
[Sebastião Fernandes] Ok, ok. Eu estou prestes a perder tudo, então precisei buscar um segundo emprego, arranjei umas consultorias para fazer uma renda extra.
[Valquíria Diaz] Umas consultorias de madrugada? Seu porteiro declarou que você saiu às 20 horas e só voltou às 5 horas e 15 da manhã.
[Sebastião Fernandes] Na verdade, eu hã, estou trabalhando como segurança de boate. O turno começa às 21 horas e termina às 5 horas da manhã. As câmeras podem comprovar que estou falando a verdade.
[Valquíria Diaz] Se era algo tão simples como um novo emprego, então porque mentiu? Entre os papeis descartados no lixo da sala dos servidores, encontramos esta carta. Então seu problema financeiro não te levou a considerar outras organizações secretas como uma tal de sociedade monárquica brasileira, sei.
[Sebastião Fernandes] Alto lá, eu nunca realmente considerei. Acha mesmo que eu apoio essa besteira? Já basta a bagunça que é a monarquia inglesa.
[Valquíria Diaz] Será mesmo? Ou será que suas dívidas te levaram a tomar uma atitude impulsiva como roubar um dos nossos artefatos e fazer uma grana rápida? Apesar de ter escondido seus rastros aqui na base, seu histórico no celular apresentou pesquisas de preço de diversos itens do nosso acervo, o problema é que você não tem acesso direto ao cofre. Sabe o que acho que aconteceu? Acho que você convenceu a Marina, que já estava obcecada com um dos artefatos a te dar acesso. Foi assim que entrou no cofre, roubou o que queria e eliminou a única testemunha do corrido.
[Sebastião Fernandes] Não, não, não, por favor. Minha família contribui a gerações com a organização, se não fosse por vocês, meu pai seria taxado de louco na época dele. Eu nunca trairia S.S.S., vocês me deram propósito quando eu ainda era só um aficionado por antiguidades. Eu nunca mataria alguém, muito menos alguém tão gente boa como a Marina.
[Valquíria Diaz] Testemunha te viram brigando com a vítima no dia do crime.
[Sebastião Fernandes] Eu sou muito fã de ficção científica assim como outros aqui no Gabinete. Foi assim que nos tornamos amigos, às vezes íamos em eventos do tema juntos. Outros agentes podem confirmar porque íamos todos juntos. Discutimos na sexta-feira porque eu não ia com a cara daquele tal do Álvaro, ele fez o maior caso dela ir conosco num evento desses. Aquele traste só estava usando ela. Como assim usando ela? A Marina era o tipo de pessoa que acreditava no melhor das pessoas, mas esse cara, eu vi o que ele queria de longe. Ele vivia bisbilhotando ao redor da S.S.S., perguntava de um tudo. Ele veio buscar a Marina na sexta-feira e fez umas perguntas estranhas. Acredita que ele veio me dar pitacos de como eu devia fazer o meu trabalho? Aparentemente, além de médico ele também é expert em tecnologia nas horas vagas. Autodidata e tudo. Babaca.
[Valquíria Diaz] Que tipo de perguntas estranhas?
[Sebastião Fernandes] Sobre a senhora. Se tinha algum segredo dentro da S.S.S., sobre como manipula o tempo das pessoas demais. Fiquei boiando. Ele me deixou tão nervoso que minha pressão subiu e eu quase desmaiei. Pensando bem isso aconteceu por volta das 19 horas, o horário que teve a tal da desativação do reconhecimento facial. Na minha opinião, esse cara é o culpado.
[Trocando a fita de gravação]
[Voz metálica] Fim do interrogatório. O suspeito Álvaro Magalhães está desaparecido.
[Música de suspense]